Andador infantil prejudica desenvolvimento da marcha
Apesar de todos os alertas e proibições de venda de andadores infantis, muitos pais ainda utilizam o equipamento. O uso de andadores é condenado pela Sociedade Brasileira de Pediatria há muitos anos. O equipamento atrasa a marcha, prejudica o sistema musculoesquelético e aumenta o risco de acidentes graves.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em fisioterapia neurológica infantil, ao contrário do se que pensa, os andadores atrasam o desenvolvimento da caminhada. Ou seja, bebês que usam andador demoram mais para andar. “Isto porque a criança perde a oportunidade de fortalecer os músculos e tendões das pernas, que são essenciais para os primeiros passos”.
Além disto, há um risco muito grande da criança desenvolver a marcha na ponta dos pés, algo muito prejudicial. Entre os resultados estão dores nas pernas e pés, aumento do risco de quedas e tropeços e dificuldades para praticar atividades físicas e esportivas.
“A posição incorreta do calcanhar durante a marcha pode levar ao encurtamento do tendão de Aquiles, dos músculos da parte de trás do joelho e na cadeia muscular ada coluna. A criança também vai desenvolver um padrão de marcha que leva o tronco para frente e isso altera a postura”, diz Walkíria.
Acidentes com a andadores podem causar traumatismos cranianos
Durante o uso de um andador, o bebê se move mais rápido do que deveria. Portanto, o risco de se acidentar é bem maior. O andador pode virar e causar, por exemplo, um traumatismo craniano grave, fraturas e cortes. “O bebê também pode alcançar objetos perigosos, como o cabo de uma panela no fogão, produtos químicos etc. Os riscos são inúmeros. Além de sequelas, são acidentes que podem ser fatais”, alerta Walkíria.
Desenvolvimento da marcha é um processo natural
O desenvolvimento motor infantil deve ocorrer naturalmente, sem necessidade de aparelhos como o andador. O que o bebê realmente precisa é um espaço seguro para se movimentar e estímulos simples, como brincadeiras e alguns brinquedos seguros próprios para cada fase.
O desenvolvimento motor segue uma sequência. Uma habilidade depende da outra para ocorrer. “Para andar, é preciso que o bebê tenha passado por todas as outras fases como controlar a cabeça, se sentar sem apoio e engatinhar. Em geral, espera-se que até os 18 meses a criança caminhe sozinha, sem apoio”, explica Walkíria.
Vale reforçar que a fase de maior treinamento muscular e da coordenação motora é a de engatinhar. Quando o bebê se sente seguro, ele vai se apoiar nos móveis ou até mesmo nos pais para ficar em pé e dar os primeiros passos até andar sozinho, sem estes recursos.
Alternativas seguras
Em muitos casos o andador é usado como um meio de deixar o bebê “seguro” enquanto os cuidadores precisam realizar alguma tarefa doméstica.
“O melhor meio de manter o bebê seguro enquanto os responsáveis precisam realizar tarefas domésticas é o uso de um cercadinho. Ainda assim há alguns cuidados. Dependendo da idade, o bebê pode pular ou se pendurar nas laterais até que o equipamento tombe. Portanto, o cercadinho é mais indicado para bebês menores que ainda não conseguem ficar de pé”, comenta Walkíria.
Por fim, além de respeitar as etapas do desenvolvimento, uma dica é deixar o bebê andar descalço ou no máximo com meias antiderrapantes. O contato da sola do pé com o chão é essencial para dar mais firmeza e equilíbrio.
“O bebê precisa também de um espaço seguro. Por isso, os pais devem afastar os móveis, proteger as quinas, usar lacradores para armários, colocar tampas nas tomadas e tirar produtos perigosos do alcance do bebê. Seja como for, bebês e crianças precisam de supervisão o tempo todo”, finaliza Walkíria.